Tertúlias. O post de hoje é sobre tertúlias e a
sua importância para a literatura.
Uma tertúlia é uma reunião periódica e informal de pessoas
criada em torno de um interesse específico comum a todos os participantes.
Está, normalmente, associada à literatura e às artes e tem como lugar eleição
os cafés. Este hábito cosmopolita foi popularizado em Portugal pela geração d'Orpheu,
conhecida pelas suas frequentes reuniões nos cafés da capital: A Brasileira, Nicola, entre outros.
Infelizmente, com o advento do Estado Novo, a escrita
abandonou o hábito de reunir a uma mesa de café, entre pares, e votou-se à
solidão criativa que se tornou no cliché número um de qualquer escritor. A
literatura não tem de ser solitária, escrever não deve ser um acto de isolamento.
O ser humano é um animal social e gregário, talhado para conviver entre os da
sua espécie e foi a sociedade construída a esta imagem. O escritor que
contraria esta natureza arrisca-se a produzir uma obra distanciada do real,
desligada do mundo contemporâneo e, por consequência, pouco interessante para o
leitor.
A tertúlia é um evento de networking, de estímulo à criatividade, pensado não só para
escritores como para leitores, editores, críticos, bloguers ou simplesmente curiosos. É no acto de partilha e de
exposição do trabalho que nasce o aperfeiçoamento da obra. Numa tertúlia
escutam-se variadíssimos textos que oscilam entre o clássico inspirador e o
inédito nunca antes lido em público. A partir daí comenta-se, critica-se,
fala-se, partilha-se. E o texto vai-se moldando na cabeça do escritor,
alimentado por todas opiniões e contribuições que vai ouvindo dos seus pares.
A tertúlia é a vanguarda. É lá que os escritores testam os
seus textos, que os editores procuram as novidades, que os bloguers buscam material. Os contactos trocam-se e as parcerias
nascem. É fundamental que os escritores se conheçam entre si e que tenham a
possibilidade de conhecer os leitores. E não tenham dúvidas: um leitor que se
ganhe numa tertúlia desenvolverá com o autor uma relação incomparavelmente mais
forte e profunda que aquele que meramente tropeça no seu livro numa qualquer
livraria.
Cabe à nova geração de escritores e editores promover este
tipo de encontros. Cabe ao leitor exigir que mais se faça, em quantidade e
qualidade. A literatura pertence às ruas da cidade, não aos livros poeirentos
que esperam nas estantes das livrarias.
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