Ontem deparei-me com um artigo algo curioso publicado no site buzzfeed.com sobre a rejeição de publicação de trabalhos literários. Numa lógica de demonstrar que todo o escritor sofre desta imprevisibilidade quanto à publicação das suas obras, o artigo é composto de uma lista de vinte autores intemporais e absolutamente incontornáveis do panorama literário internacional que apenas com muita força de vontade e perseverança conseguiram a edição dos seus textos.
Quem nunca leu E Tudo o Vento Levou de Margaret Mitchell, O Livro da Selva, de Rudyard Kipling ou O Triunfo dos Porcos, de George Orwell?
Pois saiba que todos estes livros viram a sua publicação negada por editoras sob os mais variados pretextos. E Tudo o Vento Levou foi rejeitado trinta e oito vezes, Rudyard Kipling acusado de não saber utilizar a língua inglesa e, a propósito de O Triunfo dos Porcos, considerou-se que não haveria mercado para publicações sobre animais nos Estados Unidos.
A existência deste fenómeno não é novidade nem consequência de um desinvestimento na cultura e no livro. Como demonstrado pelo artigo supracitado, desde sempre que os editores têm escolhido o que lemos e, consequentemente, tomado decisões erradas.
Se, por um lado, a existência de uma marca e de uma actividade de selecção e análise são elementos desenhados para conferir mais credibilidade às publicações e para reduzir o risco associado à compra do livro, por outro, cria-se uma relação dialéctica entre a edição e a transparência.
Quais os critérios de selecção para os originais publicados? Qual deverá ser a relação entre autor - editor - leitor? Deverá o livro responder perante a lógica do mercado e submeter-se às dúbias leis da oferta e da procura?
Irei voltar a estes temas nas próximas publicações para tentar compreender um pouco melhor o que é e o que deve ser o mercado editorial. Entretanto, quando um amigo vosso vos mostrar o livro que acabou de escrever e que ninguém quer publicar leiam com atenção. Poderá ser o próximo a entrar nesta lista…
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