segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Ultrapassar o bloqueio criativo

Diz o dicionário da Língua Portuguesa que criatividade é ter a capacidade de criar; originalidade; engenho. Quer isto dizer que a criatividade não é um atributo divino nem uma arte inacessível ao comum dos mortais.

Como para tudo na vida, existem métodos e técnicas para promover a criatividade e instrumentos que nos permitem tirar o máximo partido desta vertente humana. É preciso desmistificar!

O bloqueio de escritor

O bloqueio criativo não é mais do que a evolução contemporânea do antigo bloqueio de escritor. Esta adaptação provém do marketing e da publicidade que se estão progressivamente a afirmar como disciplinas “sexy” e a relegar para segundo plano o saber-fazer dos escritores vistos como velhos, antiquados. Acredito fortemente que este é um conteúdo no qual os escritores têm uma palavra a dizer e reconheço também que se deve ao seu demérito e inação que, hoje em dia, os formadores, oradores e “opinion-makers” sobre este facto provêm, na sua grande maioria, de outras áreas que não a escrita.

Decidi então criar uma espécie de guia com conselhos e recomendações sobre as melhores técnicas para ultrapassar a página em branco ou o bloqueio no enredo de uma história. Hoje publico cinco dicas de carácter mais geral. Amanhã publicarei instrumentos e ferramentas mais práticas e concretas.

— Pesquisa criativa: talvez o primeiro passo a dar na construção de uma história. A pesquisa criativa não é uma busca por dados concretos, antes, é uma revisão rápida e livre do que já se fez e do que se está a fazer no momento. Deve ser uma pesquisa orientada para a procura de tendências e deve-se focar no aspeto estético. Serve para inspirar e não para analisar. Uma imagem sugestiva, um filme com uma perspetiva totalmente nova, uma canção que nos leva a pensar de outra maneira um determinado tópico…;

— Apontar as ideias: uma ideia é um conceito, ou seja, é uma elaboração complexa sobre um conjunto de fatores que se agrupam. Isto quer dizer que uma ideia é um juízo que se elabora sobre o que se observa. Uma ideia é tão mais interessante quanto o seu grau de sofisticação e este grau é tão mais elevado quanto o número de conexões e interligações necessárias para a formar. É indispensável apontar tudo quanto se observa, por mais ridículo que possa parecer. Em conjunto, diversas observações podem originar um ponto de vista nunca antes expresso. Para além disso, escrever uma ideia é uma forma neurologicamente comprovada de libertar o cérebro para novas pesquisas e associações;

— Procurar uma musa: a criatividade pode ser trabalhada e a inspiração também. Ao contrário do que se pensa, esta última não surge do acaso. A inspiração é um entusiasmo criador, ou seja, é um impulso que depende de um estímulo externo. Todos nós temos qualquer coisa que nos inspira, que nos estimula à atividade criativa;

— Sair da rotina: a rotina é o pior inimigo da criatividade. Como se pode ser original e desenvolver novas associações de ideias se estamos permanentemente rodeados do mesmo ambiente externo? O nosso cérebro é como uma máquina que produz consoante os inputs que recebe. É indispensável variar estes estímulos externos a que estamos sujeitos fazendo variar o tipo de atividades que desempenhamos, o grupo de amigos com o qual convivemos, o tipo de sítios que frequentamos, etc;

— Viver!: viver é o segredo. Fazer coisas, experimentar o mundo, ser atrevido e não ter medo de errar. As experiências são a melhor fonte de alimentação para o cérebro, sejam elas positivas ou negativas. Com base no que vivemos e conhecemos do mundo, seremos capazes de produzir determinadas visões cujo interesse dependerá da sua inovação. Saia, conviva, observe. Torne o mundo no seu laboratório pessoal e escreva sobre isso.

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